Prédio icônico de São Paulo abriga 22 artistas e promete transformar o circuito das artes

Com cinco andares dedicados à criação, o Espaço República nasce como novo polo cultural no centro da capital

Prédio icônico de São Paulo abriga 22 artistas e promete transformar o circuito das artes

Um novo centro cultural acaba de surgir no coração de São Paulo, com a proposta de ampliar o acesso à arte contemporânea e criar um ecossistema vivo de produção. O Espaço República abre oficialmente suas portas com a exposição coletiva inédita Do ateliê à exposição: Dialéticas artísticas no Espaço República, reunindo obras de 19 artistas visuais residentes e 2 artistas convidados, que já tiveram seus estúdios no prédio.

Uma inauguração que é também manifesto

A mostra de abertura, com entrada gratuita, acontece de 28 de agosto a 20 de setembro de 2025, de quinta a sábado, sempre das 14h às 19h. A curadoria é assinada por Andrés Inocente Martín Hernández, PhD, pesquisador e crítico de arte, que acompanha de perto o processo dos ateliês.

Mais do que um evento expositivo, a abertura simboliza o início de um projeto que integra ateliês de produção, salas para cursos e workshops e um andar expositivo com estrutura profissional. É uma cadeia completa, pensada para apoiar artistas em todas as etapas de sua trajetória.

“Essa mostra é um retrato vivo da potência artística que está sendo gestada aqui. É emocionante ver a diversidade de linguagens, materiais e propostas que surgem desse convívio diário entre artistas”, afirma o curador Andrés Hernández.

Do esvaziamento à criação

Localizado na icônica Avenida São Luís, no centro histórico da capital, o prédio tem longa história familiar e comercial. Mas foi durante a pandemia que iniciou sua transformação.

Com os conjuntos corporativos esvaziados, o artista e empreendedor Philip Haji-Touma, idealizador do projeto, decidiu abrir os andares para a criação artística:

“Eu via muitos artistas talentosos à procura de espaço para trabalhar, mostrar ou ensinar. Criei esse ambiente para suprir essas lacunas e formar um ecossistema que viabilize a produção artística como um todo, como um laboratório”, afirma Phil.

Philip Haji-Touma, artista, empreendedor e idealizador do projeto. Foto: Divulgação

Hoje, o Espaço República ocupa cinco andares: três de ateliês (privativos e coletivos), um de cursos e um voltado à exibição de obras. Além da locação, a estrutura oferece curadoria, apoio fotográfico, produção de exposições, montagem e assessoria especializada.

“É uma resposta concreta a um mercado que, muitas vezes, é carente de espaços que acolhem projetos e artistas oferecendo uma estrutura profissional e organizada para realizar seus anseios artísticos”, completa Philip.

Arte como presença no centro

A programação da mostra acontece sempre de quinta a sábado e busca ocupar o território central com encontros, troca e produção cultural.

“É uma experiência de imersão. Queremos que as pessoas entendam o que é criar no centro da cidade, ocupando esse território com arte, com encontros, com troca”, diz Phil.

A dimensão coletiva também se revela nos depoimentos dos artistas:

“Minha obra é um convite urgente: sonhe, mesmo quando tudo ao redor parecer endurecido. É rosto, tecido, memória, uma bandeira íntima no centro de São Paulo. No Espaço República, junto de outros artistas, traçamos novas rotas sensíveis. Transformamos concreto em poesia, ruído em presença, centro em arte viva. Sonhar é o primeiro ato de resistência”, afirma Andrea Natali, artista participante.

Obra de Andrea Natali. Foto Felipe Ghirello

Tensões e diálogos do sistema artístico

O projeto pretende evidenciar hibridações operacionais e conceituais — concepção, construção, exposição — nos tensionamentos entre artistas, obras, curadores, espaços, produtores, mercado, público e demais agentes do Sistema Artístico Contemporâneo.

“O projeto evidencia a importância dos diálogos entre os artistas visuais, os agentes e/ou processos do Sistema Artístico Contemporâneo para retroalimentar conhecimentos, atualizações de discursos e normas burocráticas na Arte Contemporânea e, sobretudo, o respeito e harmonia entre os seres humanos, conceitos tão primordiais na contemporaneidade”, acrescenta Hernández.

Os depoimentos dos artistas reforçam essa diversidade de perspectivas:

“Meu trabalho traz um olhar sobre vulnerabilidade, gênero e sexualidade, ampliando o debate sobre temas ainda pouco visíveis nas artes visuais. No Espaço República, esse hub de artistas fortalece a cena cultural do centro de São Paulo, criando conexões, atraindo novos públicos e dialogando com a renovação da região, marcada pela presença de galerias e espaços independentes”, afirma Duda Breda.

Obra de Duda Breda . Foto : Duda Breda



“Apresento obras que exploram a percepção das cores e seus fenômenos em movimento, profundidade, irradiação, por meio de pintura, linhas, camadas e sobreposições. A maior contribuição dos artistas da República é aproximar arte e cultura do cotidiano urbano e manter viva a revitalização do centro”, explica Veridiana Magalhães.

Arte como ferramenta de educação e instrução

Segundo Hernández, a exposição não apenas estimula discussões e interpretações sobre cada obra, mas também valoriza os processos artísticos na contemporaneidade:

“É uma oportunidade de aprofundar no conhecimento dos processos que acompanham a produção artística e, consequentemente, de reconhecer a arte como ferramenta indispensável para a educação e a instrução”, destaca o curador.

Além da mostra, o público poderá participar de ateliês abertos, visitas mediadas com o curador e rodas de conversa com artistas ao longo do período.



Um hub vivo e colaborativo

O Espaço República se projeta como um hub artístico, aberto a conexões locais e externas, construído em diálogo com os próprios artistas.

“Todo o trabalho é baseado na construção e propósito e não na obrigação. Grande parte dessa exposição — assim como todo o ecossistema do projeto — foi e está sendo montada com a ajuda e indicações de artistas internos. É um espaço vivo, colaborativo e inclusivo”, finaliza Philip Haji-Touma.


Serviço | Exposição de Abertura – Espaço República

>> Local: Espaço República — Avenida São Luís, 86, República, São Paulo – SP
>> Período: 28 de agosto a 20 de setembro de 2025
>> Horário: Quintas a sábados, das 14h às 19h
>> Entrada: Gratuita
>> Programação: visitas mediadas, ateliês abertos e rodas de conversa com artistas
>> Instagram: @espacorepublica