No próximo dia 29 de junho acontecerá o 2º Fórum Desafios da Diversidade na Medicina, um encontro essencial na discussão sobre a representatividade negra no setor saúde. Promovido pelo Comitê de Igualdade Racial do Grupo Mulheres do Brasil, o evento promete ser um marco na busca por um sistema de saúde mais inclusivo e justo.
Pensando nesses desafios da diversidade na medicina para que seja traçado um caminho para uma saúde mais inclusiva conversei com a minha médica ginecologista: Dra. Claúdia Araújo Bottino, porque ela, como médica negra, fez toda a diferença no meu tratamento para uma menopausa com qualidade de vida. Eu já havia me consultado com outras médicas, todas brancas, e nenhuma tinha acertado o tratamento adequado para os meus sintomas, para a menopausa em uma mulher negra.
Existe uma falta de parâmetros e estudos na população negra sobre a menopausa. A tendência é a de partirmos do corpo da mulher branca e irmos entendendo o da mulher negra e tratando, o que dificulta e nos faz caminhar mais lentamente para achar o que é bom para as mulheres de ascendência africana. Considerando as particularidades das mulheres negras, perguntei para a Dra. Cláudia Araújo: a menopausa é diferente nas mulheres negras? Se sim, porque?
Dra. Claudia Araújo:
Mulheres negras entram na menopausa mais cedo devido ao estilo de vida mais estressante e muitas vezes também a falta de acesso à saúde de qualidade. Diante disso os tradicionais fogachos do período são mais frequentes, intensos e perduram por mais tempo.
As mulheres negras também apresentam hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, miomatose e diabetes como patologias mais frequentes, o que potencializa os sintomas da menopausa, como a queda do estrogênio que quando acontece sem o tratamento adequado pode propiciar a baixa de massa óssea ocasionando osteopenia e osteoporose.
Também não menos importante são os sintomas genitourinarios como as infecções urinárias de repetição e o ressecamento vaginal causando desconforto a relação sexual.
Diante de todas essas particularidades da mulher negra, a terapia de reposição hormonal precisa ser individualizada e cada paciente deve ser avaliada de acordo com seu risco individual.