Resgatando a história negra de São Paulo

O Coletivo Cartografia Negra tem se destacado por sua missão de repensar, revisitar, conhecer e ressignificar os territórios negros na metrópole paulistana.

Resgatando a história negra de São Paulo

Sediado em São Paulo, o Coletivo Cartografia Negra tem se destacado por sua missão de repensar, revisitar, conhecer e ressignificar os territórios negros na metrópole paulistana. Fundado com o objetivo de resgatar as histórias e memórias desses locais, muitas vezes marcados por episódios de criação, resistência e opressão racial, o grupo enfatiza a importância de preservar e reconhecer a contribuição do povo negro para a cidade.

Desde 2018, o coletivo organiza mensalmente a Volta Negra, uma caminhada aberta ao público que compartilha registros e vivências da população negra nos séculos XVIII e XIX, especialmente na região central de São Paulo. O trabalho é fruto de uma pesquisa que o grupo desenvolve sobre essas narrativas e espaços, em busca de colaborar no processo de manutenção da memória negra na cidade, que vem sendo apagada historicamente.

A Volta Negra já atraiu a participação de estudantes de instituições renomadas como o Massachusetts Institute of Technology (MIT), Universidade de Columbia, Unifesp, Colégio Santa Maria, Colégio Ítaca, Escola Nossa Senhora das Graças e Escola Móbile, entre outros.

Adaptação e continuidade

Com o surgimento da pandemia, o Coletivo Cartografia Negra precisou adaptar suas atividades para o formato online, participando e organizando eventos virtuais para manter o diálogo e engajamento com o público.

Além da Volta Negra, o grupo tem sido reconhecido por seu trabalho e contribuído em uma série de atividades e parcerias significativas. Foram contemplado com o Edital Espaços Públicos e Direito à Cidade do Instituto Pólis em agosto de 2019; promoveram uma roda de conversa sobre racismo na Escola Caetano de Campos junto ao Coletivo Democracia Corinthiana em junho de 2019; participaram da Semana de Artes da FAAP e do lançamento da Rota Negra do Sesc-Piracicaba em 2019. Também ofereceram uma formação em cartografia autônoma para jovens monitores culturais de São Paulo em parceria com o CIEDS em 2019 e participaram de uma roda de conversa na Ocupação Ouvidor 63 em julho de 2018.

O Coletivo Cartografia Negra ainda contribuiu para a produção do documentário “Dia Seguinte” pelo CCSP em maio de 2020 e com o Programa Convida do Instituto Moreira Salles em novembro de 2020. No mesmo ano também realizaram o Circuito de Conversas Online “Memória, Povos Negros e Cidades”. Em agosto, ofereceram o curso online “Raça e Cidade” em parceria com a Escola da Cidadania — Instituto Pólis.

Os membros do coletivo, Carolina Piai Vieira, Pedro Vinicius Alves e Raíssa Albano de Oliveira, foram co-curadores da 13ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo e, atualmente, têm seu trabalho “Root City” exposto na 18ª Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza.

O grupo ainda mantém um perfil ativo no Instagram, onde compartilha informações sobre suas atividades, projetos e trajetória.

Em 2023, o Coletivo foi agraciado com o Prêmio Pretas Potências na categoria Patrimônio Imaterial e indicado ao prêmio Pipa, reforçando sua importância e impacto no cenário cultural e social brasileiro.