O grupo curitibano acaba de lançar o álbum Paisagem, uma obra que reúne participações de Arthur Verocai, Luedji Luna e Joca; e em que o soul clássico consegue encontrar o hiperpop, o R&B culmina no house e o xote encontra o Jersey Club com naturalidade. O trabalho acabou de chegar às plataformas de áudio e acompanha um videoclipe no canal de YouTube do trio.
“Paisagem começa nesta ação de pedir calma com pressa, pedir silêncio gritando”, sintetiza Lio. Como um convite para ver o conhecido sob uma nova perspectiva, o disco dissolve as fronteiras entre os gêneros e dá destaque à música preta. “Por ter nascido num período de movimento migratório da banda, ele ganha essas imagens de linhas meio disformes, levemente tortas de um mapa, mas que ao olhar de cima, a gente sabe que leva pra algum lugar e consegue decidir pra onde”, completa a cantora.
“Devagar”, escolhida para abrir o trabalho, é um feat com Joca e funciona quase como um aviso ao ouvinte do tema que cerceia o álbum e um pedido para absorver o que está por vir nos próximos minutos. Ela traz uma conversa sobre velocidade e aceleração com uma lírica que pede calma e atenção aos detalhes. “Esse cabo de guerra entre velocidade e serenidade faz com que Paisagem comece dinâmico, já propondo questões atemporais e colocando o ouvinte como interlocutor”, conta Lio.
A faixa foco “Apazigua”, por sua vez, mescla a sonoridade clássica do maestro carioca Arthur Verocai com a do beatmaker, produtor e DJ mineiro VHOOR. Com uma mistura de elementos tradicionais da música brasileira, citação à “O Xote das Meninas”, de Luiz Gonzaga, e tendências contemporâneas, a obra resulta em um som que é familiar e, ao mesmo tempo, inovador, em uma narrativa sobre encontrar paz além da dor.
“Pra mim foi um prazer trabalhar com essa banda que faz música com o coração”, comenta Verocai. O desenrolar deste encontro é documentado no clipe que acompanha o disco e tem direção de Laís Dantas.
“Me Distraí”, “Dentro Dessa Noite” e “O que Você Quer” oferecem uma rica experiência de sons e sensações. A primeira mergulha em uma mescla de house, amapiano (gênero originário da África do Sul) e afrohouse, tecendo uma metalinguagem que reflete sobre o processo criativo, as pausas necessárias e a alegria de compor; já a segunda explora ritmos do reggaeton. “Ela carrega o contraste entre a vontade de sair e o medo de ficar”, conta Lio. Além de Lucs Romero e da banda, esta música tem produção de JLZ, assim como em “Escuro Total”, que adiciona uma camada extra de introspecção ao álbum ao abordar a metalinguagem e a liberdade de expressão, com toques de chill baile e charme. “O que Você Quer” adentra um universo de electro pop, lo-fi, ambiente e trip hop ao questionar a própria relevância e as inseguranças do dia a dia.
Última música de Paisagem, “Tudo Volta” serve como uma ponte que liga o presente ao passado e honra as influências que moldaram a sonoridade da Tuyo desde a adolescência. Dinho Almeida, dos Boogarins, contribui com a canção com sua marca registrada: as guitarras psicodélicas. Esta colaboração enriquece a faixa e aborda sobre a lei do retorno e a natureza cíclica do tempo, e sugere que a contemplação e a disposição para encarar desafios são essenciais para o renascimento e o início de novas fases. “‘Tudo Volta’ não é apenas um final para Paisagem, mas também um convite à reflexão e reforça a ideia de que os finais podem ser os prelúdios de novos começos”, conclui Lio.
Paisagem se desdobra ainda em uma turnê, que estreia em São Paulo, na Audio, no dia 17 de maio (ingressos aqui); e depois segue para o Rio de Janeiro, no Circo Voador, em 31 de maio; Porto Alegre, no Opinião, no dia 15 de junho e Vitória, no Festival MovCidade, em 17 de agosto. Novas datas e locais serão anunciados em breve.