Editora Pallas lança premiação literária para descobrir autores negros

O autor que vencer o concurso terá seu livro publicado pela editora em 2025

Editora Pallas lança premiação literária para descobrir autores negros A curadoria do Prêmio Pallas de Literatura será de Henrique Rodrigues, que até o início do ano estava à frente do Prêmio Sesc de Literatura.

A editora Pallas, reconhecida por sua dedicação à publicação de obras focadas em temas afrodescendentes, está lançando um prêmio literário com o objetivo de descobrir novos autores negros. A curadoria do prêmio será realizada por Henrique Rodrigues, que anteriormente estava à frente do Prêmio Sesc de Literatura até o início do ano.

O autor que vencer o concurso terá seu livro publicado pela editora em 2025 e receberá uma mentoria de Rodrigues, que além de escritor, possui mais de duas décadas de experiência no mercado editorial. As inscrições para o prêmio começam no dia 3 de junho, ao meio-dia, e encerram-se às 15h do dia 28 de junho. O anúncio do livro vencedor será feito em setembro.

Os participantes devem ser brasileiros ou estrangeiros residentes no Brasil, autodeclarados negros e com idade mínima de 18 anos. Os candidatos não podem ter publicado romances anteriormente e devem se inscrever de forma anônima para garantir que a avaliação seja baseada unicamente na qualidade da obra. Os membros do júri serão revelados somente após a escolha do vencedor.

As obras submetidas devem ter entre 120 mil e 500 mil caracteres, incluindo espaços, e podem abordar qualquer tema. As inscrições serão realizadas através de um formulário disponível no site.

“Estou muito feliz com o convite”, comentou Henrique Rodrigues. “Essa é uma iniciativa crucial para nossa sociedade, onde a população negra enfrenta maiores dificuldades de acesso. A Pallas já trabalha com autores e temas afrodescendentes há meio século. Descobrir uma nova voz negra é algo de grande relevância simbólica e social.”

Mudança da Record para a Pallas

Henrique Rodrigues, autor de obras como O Próximo da Fila (Record, 2015) e Áurea (Estrela Cultural, 2023), acrescentou que sua experiência “como curador e jurado de alguns dos maiores prêmios do País é de grande ajuda”. Ele já participou do júri do Prêmio São Paulo de Literatura e liderou o Prêmio Sesc de Literatura desde sua criação em 2003, mas foi afastado da organização após uma polêmica envolvendo a leitura de um trecho do livro vencedor, O Outono de Carne Estranha, de Airton Souza, durante a programação paralela da Flip 2023. O incidente levou ao fim da parceria entre Sesc e Editora Record.



Rodrigues enfatiza que o Prêmio Pallas de Literatura “é totalmente livre, o que é essencial para minha participação em qualquer projeto”. Em relação à mentoria oferecida ao vencedor, ele esclarece: “Em prêmios para inéditos, é muito útil oferecer um panorama da cena literária brasileira. Muitas pessoas não conhecem os processos editoriais, estratégias de divulgação e participação em eventos. Pretendo ‘apadrinhar’ essa pessoa e oferecer suporte nesses aspectos”.

Pallas se prepara para os 50 anos

O lançamento do Prêmio Pallas de Literatura 2024 também marca o início das comemorações pelos 50 anos da editora, que serão celebrados em 2025. Fundada em 1975, no Rio de Janeiro, por Antonio Carlos Fernandes e outros sócios, a Pallas é uma das principais referências na literatura afro-brasileira, tendo publicado autores como Conceição Evaristo e Eliana Alves Cruz. Atualmente, a editora é gerida por Cristina Fernandes Warth, filha de Antonio, e por sua neta, Mariana.