Primeira escola afro-brasileira inaugura no Rio

A Escola Afro-Brasileira Maria Felipa expande para o Rio de Janeiro, promovendo educação decolonial e diversidade.

Primeira escola afro-brasileira inaugura no Rio

A Escola Afro-Brasileira Maria Felipa, um marco na educação decolonial no Brasil, anuncia a expansão para o Rio de Janeiro com a inauguração de sua nova unidade, localizada no bairro de Vila Isabel. Este é um momento significativo, pois a instituição, que já conta com 600 pré-inscritos, realizou um mutirão de matrículas no dia 19 de outubro, oferecendo mais de 300 vagas para estudantes do infantil ao ensino fundamental.

Fundada há seis anos no bairro do Garcia, em Salvador, a escola nasceu da visão e dedicação de Bárbara Carine, que idealizou o projeto durante o processo de adoção de sua filha, uma criança negra. Bárbara, que atua como consultora pedagógica da instituição, conta com a parceria da empresária e dançarina Maju Passos, e agora, na unidade carioca, se junta a elas a atriz Leandra Leal.

A iniciativa de expandir para o Rio de Janeiro reflete o compromisso da escola com a luta antirracista e a equidade educacional. “Trazer a Escola Maria Felipa para uma cidade onde mais de 50% da população é negra reforça nosso projeto de uma educação que valoriza a diversidade e promove a justiça social. Esperamos que esse sucesso reverbere também em Salvador”, afirma Bárbara Carine.

Parceria com Leandra Leal

A parceria com Leandra Leal começou em 2023, após um encontro casual em que a atriz convidou Bárbara para um jantar. A partir dessa reunião, Leandra ficou fascinada pelo projeto e decidiu se envolver diretamente. A experiência de sua filha, Juju, que passou uma semana na escola em Salvador, foi decisiva para que Leandra e seu esposo se tornassem entusiastas da expansão para o Rio de Janeiro.

Imagem: Divulgação

Educação Afrocentrada e Metodologia Decolonial

A Escola Maria Felipa se destaca por sua abordagem pedagógica decolonial e afrocentrada, que rejeita os marcadores eurocêntricos presentes no ensino tradicional. Cada turma da escola é nomeada em homenagem a impérios e reinos africanos e indígenas, como o Império Inca e o Reino Daomé, integrando esses contextos históricos ao currículo educacional.

A metodologia da escola inclui iniciativas como a “Afrotech”, uma feira de ciência com foco em saberes africanos e afrodiáspóricos, e a “Mariscada”, uma mostra cultural decolonial. Além disso, a escola oferece a “Afroeducativa”, uma formação voltada para profissionais que desejam trabalhar com relações étnico-raciais, e a “Afrovivência”, uma imersão pedagógica para educadores e educadoras.

Uma Proposta de Transformação

A criação da Escola Maria Felipa surge da necessidade de oferecer uma educação que respeite e valorize as histórias e culturas não-brancas, preenchendo um vazio deixado pelo sistema educacional tradicional. A escola resgata conhecimentos ancestrais e combate o eurocentrismo presente na educação, oferecendo às crianças uma formação verdadeiramente emancipadora.

Imagem: Divulgação

Mesmo com o reconhecimento midiático e prêmios importantes, como o “Sim à Igualdade Racial”, a escola ainda enfrenta desafios para alcançar sua capacidade plena de matrículas, especialmente em Salvador. “Temos espaço para mais alunos, mas enfrentamos dificuldades para preencher todas as vagas”, explica Maju Passos.

Responsabilidade Social: Ação “Adote um Educande”

A Escola Afro-Brasileira Maria Felipa também está à frente de iniciativas de responsabilidade social, como o programa “Adote um Educande”, que visa oferecer bolsas de estudo e suporte pedagógico para crianças negras e indígenas em situação de vulnerabilidade. Este programa é essencial para garantir que essas crianças tenham acesso a uma educação que as valorize e as prepare para o futuro.



Com seu nome inspirado em Maria Felipa, uma heroína negra da Independência da Bahia, a escola segue transformando a realidade educacional brasileira. Ao adotar uma metodologia decolonial e afrocentrada, a Maria Felipa está comprometida em criar um espaço de aprendizagem que resgata as raízes ancestrais e rompe com as amarras da colonialidade.