As Olimpíadas são uma vitrine significativa para os atletas, especialmente aqueles de esportes que recebem menos atenção midiática. No atletismo, os atletas se destacam não apenas pelo desempenho, mas também pelo estilo pessoal. Um exemplo notável é a velocista norte-americana Sha’Carri Richardson, de 24 anos, que combina performance de alto nível com um estilo único. Suas marcas registradas nas pistas incluem cabelos em constante mudança, tranças, unhas de acrílico decoradas, pulseiras, correntes e tatuagens.
Richardson não só brilha nas competições, mas também é uma figura proeminente no mundo da moda. Ela participou do Met Gala em 2021 e foi a estrela da campanha da colaboração entre Nike e Jacquemus. Esta coleção Primavera 2024 “Nike x Jacquemus” combina elegância e atletismo, refletindo a crença de que o esporte não é apenas desempenho, mas também uma extensão de estilo e autoexpressão. Richardson, celebrada por seu talento nas pistas e seu senso de moda único e expressivo, incorpora o espírito da coleção. Ela participou de uma sessão de fotos solo, apresentando peças como um top de tubo, um body com design drapeado e calças com alça envolvente, além de uma bolsa inspirada no icônico logo Swoosh da Nike.
Na ocasião, Richardson comentou sobre a importância da moda como forma de expressão pessoal, destacando que as peças da coleção são ao mesmo tempo ousadas e elegantes, inspirando-a a se apresentar como é e a encorajar outros a fazerem o mesmo.
Esta colaboração não só celebra a individualidade, mas também estabelece um novo padrão para o que significa ser um atleta contemporâneo no mundo da moda. Sua estreia olímpica é aguardada com grande expectativa, prometendo impressionar tanto pelo seu talento quanto pelo seu estilo inconfundível.
Além do estilo que evidencia sua expressão pessoal, o cabelo de Richardson também é um envolvimento com a história. As escolhas de beleza das mulheres negras têm sido usadas há muito tempo para justificar o racismo e a discriminação anti-negra. Uma lei do século XVIII na Louisiana exigia que as mulheres negras cobrissem completamente o cabelo em público, para que seus penteados trançados e intrincados não fossem muito irresistíveis para os homens brancos. Foi preciso um caso histórico na Suprema Corte em 1976 para proibir os empregadores de discriminar pessoas que usavam Afros. Vinte e quatro estados já aprovaram uma legislação, conhecida como CROWN Act, para abordar o preconceito contra os penteados negros, mas a necessidade de tais proteções legais mostra o quão polarizador o assunto continua. Pesquisas constantemente revelam que, no local de trabalho, as mulheres negras têm duas vezes e meia mais probabilidade de ter seu cabelo percebido como pouco profissional do que suas colegas de trabalho. Os corpos dos negros sempre foram policiados, até a raiz dos cabelos.
Richardson é a mais recente de uma longa linhagem de mulheres negras proeminentes que lutaram contra normas estabelecidas e impostas por pessoas cuja textura natural de cabelo não se parece com a delas. O afro da ativista política Angela Davis se tornou a imagem indelével da libertação negra. As tranças de contas de Serena Williams e Venus Williams eram um lembrete para as meninas negras de que ser elas mesmas era, e sempre seria, o suficiente.
O estilo de Richardson fala da complexidade de sua jornada, sinalizando alegria, imaginação, desafio, autenticidade e excelência — às vezes, tudo ao mesmo tempo.
