Festival Clube 2024: diversidade e pluralidade como força criativa

O Festival Clube de Criação destaca a diversidade cultural e a inclusão na indústria criativa brasileira.

Festival Clube 2024: diversidade e pluralidade como força criativa Epaminondas Paulino, diretor associado de criação da Galeria

Na sua 12ª edição, o Festival Clube de Criação abraça o desafio de refletir e celebrar a diversidade cultural e criativa que compõe o Brasil. Este ano, mais do que nunca, o evento reconhece que a riqueza das diferentes vivências e identidades não apenas molda o setor criativo, mas também é o alicerce da inovação e da transformação social.

O festival, que reúne cerca de 200 convidados em 50 painéis, vai muito além da celebração da criatividade publicitária. Ele se apresenta como um espaço de debate sobre questões urgentes, tanto para a indústria quanto para a sociedade como um todo. Entre os temas abordados, destacam-se as discussões sobre as disparidades regionais, a valorização das diversas bandeiras e culturas que fazem do Brasil um país plural, e a importância de construir uma indústria criativa que não apenas acolha, mas amplifique as vozes historicamente marginalizadas.

Em tempos de crise climática, as discussões sobre sustentabilidade e ESG são fundamentais, e o festival não foge desse compromisso. Porém, mais do que abordar apenas o impacto ambiental, o evento também mergulha nas interseções dessas pautas com questões sociais, como a equidade racial e a inclusão de grupos sub-representados. Discussões como “A Produção Audiovisual Brasileira e a Diversidade, Equidade e Inclusão” são essenciais para entendermos como o mercado pode evoluir e criar espaço para narrativas negras, indígenas e de outras minorias, transformando a maneira como criamos e consumimos conteúdo.

Da esquerda para a direita: Laís Prado, Romero Cavalcanti, Epaminondas Paulino e Carla Cancellara

A adição de uma Categoria Regional no Anuário do Clube é um passo importante nessa direção. Ao reconhecer o talento criativo fora do eixo Rio-São Paulo, o festival finalmente dá visibilidade às contribuições das diferentes regiões, onde a inovação muitas vezes surge de uma resiliência forjada pela falta de recursos e reconhecimento. Este movimento de descentralização é crucial para promover uma visão mais completa da criatividade no Brasil. Como destacou Epaminondas Paulino, copresidente do Clube e diretor associado de criação da Galeria, “Muitos de nós vêm de fora do eixo Rio-São Paulo e sabemos as práticas em outros estados, de fazer muito com pouco”.

Ainda mais significativa foi a realização do Portfólio Night, um evento dedicado a profissionais negros, com o objetivo de abrir portas e criar oportunidades em uma indústria que, historicamente, falha em proporcionar acesso igualitário. Romero Cavalcanti, diretor de criação da EnergyBBDO, afirmou que o evento foi realizado para “construir pontes – é uma coisa importante abrir nossos trabalhos na gestão do Clube com esse evento mirando no futuro da entidade, encorajando mais gente para participar, agregando outras visões para contribuir com o trabalho criativo”.

A campanha publicitária do festival, que celebra as diferentes bandeiras e talentos do Brasil, foi desenvolvida em colaboração com a Soko, a Pródigo e a AudioInk, refletindo o compromisso de destacar as diversas vozes da nossa indústria criativa. Este movimento também é reforçado pela estreia da premiação para a Agência do Ano do Anuário, que trará um ranking das agências que mais pontuaram no evento.

Outro ponto alto da 12ª edição do festival é a composição do júri do Anuário, onde pela primeira vez todos os presidentes foram profissionais negros. Esse movimento é um avanço importante para uma indústria mais inclusiva e alinhada com as demandas contemporâneas por equidade racial. A inclusão de clientes no júri também traz novas perspectivas para o processo de avaliação, enriquecendo ainda mais a troca de ideias.



Laís Prado, curadora do Festival Clube de Criação, destacou a importância de participar ativamente dos painéis: “Muitos desses profissionais viajaram de outros estados do Brasil, de fora, para compartilhar conhecimento. É uma riqueza enorme. Por isso faço esse apelo, participem das palestras”. Ela também pontuou o Selo Verde do Festival deste ano, uma iniciativa que busca apagar as pegadas de carbono do evento.

Com a proximidade do cinquentenário do Clube de Criação em 2025, as expectativas são altas para um futuro em que a criatividade brasileira continue a ser alimentada pela diversidade, e em que as barreiras para a participação de todos sejam definitivamente derrubadas. Como ressaltou Romero Cavalcanti, “Nós, que participamos da economia criativa, devemos muito ao Clube”. Que este festival seja um ponto de partida para uma nova era de inclusão e inovação, onde o talento de cada região e cada grupo possa brilhar de forma justa e poderosa.