A Tairú, uma marca brasileira, surge no cenário da moda com um propósito claro: transformar a indústria em uma força para o bem. Em um mundo onde os desafios ambientais e éticos são cada vez mais evidentes, a Tairú busca promover práticas sustentáveis e priorizar o respeito pela vida, pelo meio ambiente e pelas relações de trabalho. O compromisso com a sustentabilidade é o coração da marca, que utiliza materiais como cânhamo, algodão orgânico, camurça vegana e couro à base de milho. Cada peça é concebida para oferecer estilo e conforto, minimizando o impacto ambiental.
Os produtos, que envolvem linhas de tênis, camisetas, shoulder bags e óculos, são fabricados em fábricas especializadas, como as de produtos veganos e fábricas que empregam exclusivamente mulheres e ex-detentos. Além disso, as etiquetas são feitas em cooperativas que apoiam deficientes físicos, e as embalagens utilizam papel de reflorestamento, refletindo um compromisso claro com a preservação ambiental e a inclusão social.
À frente da Tairú está Luiz Gustavo, investidor anjo e fundador, com uma experiência de 20 anos nas áreas de Planejamento, Comercial e Marketing. Ex-sócio da Qix Skate, ex-Head Comercial da Diadora e ex-Head Comercial da Öus, Luiz traz uma visão inovadora e um compromisso profundo com valores sustentáveis.
Inovação e sustentabilidade em cada detalhe
A sustentabilidade é a essência da Tairú, com cada peça contando uma história de responsabilidade ambiental e social. O cânhamo, uma fibra natural durável e resistente, oferece vantagens significativas em relação ao algodão. Ele é antibacteriano, antifúngico, hipoalergênico e utiliza significativamente menos água em seu cultivo. Além disso, é resistente a pragas e mofo, não requer pesticidas e fica mais macio a cada lavagem. O “Couro de Milho” é outra inovação sustentável, composto por uma combinação de algodão, óleos vegetais, extrato vegetal e poliuretano, oferecendo resistência e durabilidade sem afetar a cadeia alimentar. Esta solução inovadora representa uma alternativa sustentável ao couro animal, atendendo à crescente demanda por produtos ambientalmente responsáveis. O algodão orgânico utilizado nos cabedais dos calçados proporciona respirabilidade, conforto e durabilidade, além de ser uma opção sustentável devido à sua origem renovável e possibilidade de cultivo orgânico.
Com o auxílio da inteligência artificial, a marca desenvolve parte de seus produtos, integrando design moderno com práticas sustentáveis. Este enfoque colaborativo fortalece a rede de apoio e inovação que a marca está criando. Mais do que uma marca, a Tairú é uma família que valoriza as conexões e acredita na força da união. O compromisso com as comunidades locais é evidente no apoio e fortalecimento que oferece, garantindo condições de trabalho justas e práticas comerciais éticas. Cada compra contribui para apoiar os trabalhadores que compartilham a visão de um mundo melhor.
O mercado global de moda sustentável
O mercado global de moda sustentável está em expansão, com estimativas apontando que pode valer US$33 bilhões até 2030. Esta projeção é impulsionada pela demanda crescente por produtos ambientalmente responsáveis. Um número crescente de marcas está implementando soluções de rastreabilidade digital para mapear seus fornecedores e garantir práticas sustentáveis. A Tairú se destaca nesse cenário, não apenas pelos produtos de alta qualidade e design inovador, mas também pelo compromisso profundo com valores que priorizam a sustentabilidade, a inovação, a comunidade e a diversidade.
O nome “Tairú”, termo em tupi-guarani que significa companheiro de viagem, reflete a missão da marca de ser um parceiro na jornada por uma moda consciente e sustentável. Determinada a fazer a sua parte e inspirar mudanças positivas, a Tairú quer fazer mais do que moda, mas também construir uma comunidade de consumidores conscientes que valorizam práticas sustentáveis. Cada peça conta uma história de sustentabilidade e responsabilidade, oferecendo opções de consumo que priorizam a consciência ambiental sem sacrificar o estilo e o conforto.
Confira abaixo a entrevista com Luiz Gustavo:
Luiz, o que te motivou a fundar a Tairú?
No ano de 2023, fui impactado por um projeto que tinha como objetivo fazer tênis de papel. Na verdade, é um material chamado Tyvek, que é um material sintético, parecido com papel. O idealizador deste projeto procurou um fundo de investimentos que, através da Jordana Cassol, me indicou para mentorar o jovem rapaz, já que o fundo não iria investir no projeto.
Em paralelo, uma amiga chamada Pryscila Droppa me falou para pesquisar sobre o cânhamo, uma fibra natural com propriedades benéficas incríveis para o meio ambiente, principalmente se comparada com outras fibras mais comerciais, como o algodão.
Entendendo que essa era uma necessidade real do mercado de moda, o qual é responsável por grandes índices de desperdícios em sua cadeia produtiva, fui estudar um pouco mais sobre materiais sustentáveis e o mercado. Decidi que iria investir no projeto. A parceria ficou ativa por 5 meses, porém, em meados de outubro, o idealizador desistiu do projeto, mas entendi que tínhamos boas possibilidades e resolvi tocar sozinho.
Passados 30 dias da nossa conversa, já havia desenvolvido 2 protótipos, os quais levei para Portugal e Espanha para apresentar localmente para as lojas do segmento streetwear e veganwear. Após 20 dias de viagens, em 4 cidades e mais de 60 lojas visitadas, entendi que o mercado europeu está maduro para esse tipo de produto. Retornando ao Brasil, desenvolvemos uma primeira coleção com 6 modelos que, com suas variações de cores, totalizam mais de 40 opções. Utilizamos materiais como cânhamo, camurça vegana, couro à base de milho e algodão certificado, além de uma linha com 12 estampas de camisetas, produzidas com algodão orgânico e tingimento natural.
Quais foram os principais desafios que enfrentou ao tentar implementar práticas sustentáveis e éticas em uma indústria tradicionalmente conhecida por seu impacto ambiental e social?
Os meus desafios foram muitos e variados ao longo do tempo. Enfrentei a questão da disponibilidade e custo ao tentar encontrar fornecedores confiáveis que ofereçam materiais sustentáveis de alta qualidade, como cânhamo e algodão orgânico. Muitas vezes, esses materiais envolvem um custo mais elevado e uma disponibilidade limitada, o que dificultou o início do processo.
Além disso, promover uma cultura empresarial interna que prioriza a sustentabilidade e a ética não foi fácil. Isso requer treinamento e conscientização contínuos para garantir que toda a equipe, desde os designers até a produção, esteja alinhada com nossos valores e práticas. Conscientizar os consumidores sobre os benefícios dos produtos sustentáveis e a importância de escolhas conscientes também é um desafio constante. Muitos ainda não estão familiarizados com as vantagens do cânhamo e de outros materiais inovadores, e educar esse público é um processo contínuo.
A transparência e complexidade da cadeia de suprimentos também apresentaram grandes desafios. Criar uma cadeia de suprimentos totalmente transparente e ética, desde a origem das matérias-primas até a produção final, é uma tarefa árdua. Isso envolve garantir condições de trabalho justas e práticas de comércio justo em todas as etapas, algo que exige muita dedicação e vigilância.
Inovar em produtos que combinem estilo, funcionalidade e sustentabilidade também se mostrou um processo mais longo e dispendioso em comparação com a produção convencional. Isso exige investimentos em pesquisa e desenvolvimento, além de inúmeros testes de produtos para garantir que atendam aos nossos padrões de qualidade. Competir com o modelo de fast fashion, que oferece produtos a preços muito baixos, é outro desafio significativo. Nossa proposta de valor se baseia na qualidade, durabilidade e ética, e comunicar isso de maneira eficaz para justificar o investimento por parte do consumidor tem sido essencial.
Apesar desses desafios, estou comprometido em liderar o caminho para uma indústria da moda mais sustentável e ética. Vejo essas dificuldades como oportunidades para crescer, inovar e, mais importante, criar um impacto positivo no mundo. Acredito que, ao superar esses desafios, posso inspirar outras marcas a seguir meu exemplo, promovendo uma mudança significativa e duradoura.
O mercado global de moda sustentável está em expansão e estima-se que valerá US$33 bilhões até 2030. Como você vê o crescimento desse mercado e quais são as principais tendências e desafios que a Tairú enfrenta para se manter competitiva e relevante?
O mercado global de moda sustentável está crescendo rapidamente, refletindo uma mudança significativa nas expectativas dos consumidores e nas práticas empresariais. O aumento projetado para US$ 33 bilhões até 2030 é um claro indicativo de que a demanda por moda ética e ecologicamente responsável está se tornando predominante. Com o crescimento da conscientização sobre as questões ambientais e sociais associadas à moda tradicional, os consumidores estão buscando alternativas mais sustentáveis. Isso impulsiona o desenvolvimento de novas tecnologias e práticas que minimizam o impacto ambiental e promovem condições de trabalho justas.
Os consumidores exigem mais transparência em relação à origem e ao impacto dos produtos que compram. Ferramentas de rastreamento digital e certificações estão se tornando essenciais para construir confiança e credibilidade. O desenvolvimento de novos materiais sustentáveis, como tecidos reciclados, bioplásticos e alternativas ao couro, está ganhando força, criando oportunidades para produtos que são tanto sustentáveis quanto de alta qualidade. A tendência para uma economia circular, onde produtos são projetados para serem reciclados ou reutilizados ao final de sua vida útil, está redefinindo como as marcas abordam o design e a produção. Além disso, a integração da tecnologia, desde a manufatura digital até as plataformas de e-commerce, está permitindo que as marcas se adaptem mais rapidamente às demandas do consumidor e melhorem a eficiência operacional.
Para a Tairú, os desafios são muitos. Com o aumento do interesse por moda sustentável, mais marcas estão entrando no mercado, tornando a concorrência mais acirrada. Diferenciar-se através de inovação e autenticidade é crucial. Embora a conscientização esteja aumentando, muitos consumidores ainda não compreendem completamente os benefícios da moda sustentável. Educar o público sobre a importância de escolhas conscientes continua sendo um desafio. Expandir a produção de maneira que permaneça fiel aos princípios sustentáveis pode ser complexo, bem como garantir que a cadeia de suprimentos cresça de forma ética e ecológica sempre. Além disso, manter-se à frente em termos de inovação tecnológica e de materiais é essencial para se manter competitivo, o que requer investimentos constantes em pesquisa e desenvolvimento.
A Tairú está comprometida em navegar esses desafios com criatividade e determinação. Ao manter o foco em nossos pilares de sustentabilidade, comunidade, diversidade e inovação, acreditamos que podemos não apenas prosperar neste mercado em expansão, mas também contribuir para uma mudança da indústria da moda mais justa e sustentável.
Sendo um homem negro e fundador de uma marca que valoriza a inclusão e a diversidade, como você integra essas questões raciais na filosofia e nas operações da Tairú? De que maneira a Tairú contribui para a promoção da equidade racial na indústria da moda?
Na Tairú, a inclusão e a diversidade não são apenas valores fundamentais, mas também guiam nossas operações diárias e nossa visão para o futuro da moda. Como fundador e um homem negro, minha experiência pessoal e profissional fortalece nosso compromisso com a equidade racial e a representação diversificada em todos os aspectos de nossa marca.
Eu busco ativamente construir uma equipe diversificada que reflita a multiplicidade de experiências e vozes do nosso país. Acredito que a diversidade gera inovação e promove uma cultura de inclusão onde todos se sentem valorizados e ouvidos. Trabalhamos com organizações que promovem a equidade racial e apoio iniciativas que incentivam o desenvolvimento econômico em comunidades sub-representadas. Isso inclui parcerias com cooperativas de produtores e artesãos locais, além de projetos sociais para comunidades predominantemente negras.
Nossa abordagem ao design é inclusiva, celebrando a diversidade de culturas e identidades. Incorporamos elementos culturais que respeitam e valorizam as histórias e tradições das comunidades que representamos. Através dos projetos de colaboração com marcas e pessoas negras, buscamos dar voz e visibilidade às pessoas e comunidades negras, criando uma plataforma onde suas histórias possam ser contadas e apreciadas.
Nós também oferecemos mentoria e desenvolvimento profissional para jovens de comunidades negras e outras minorias, proporcionando oportunidades de aprendizado e crescimento na indústria da moda. Esses programas de mentoria são projetados para capacitar e inspirar a próxima geração, garantindo que tenham as ferramentas e o apoio necessários para prosperar.
A Tairú também foca mas também na inclusão social, empregando ex-detentos e apoiando cooperativas de deficientes físicos. Qual é a importância desse tipo de iniciativa para você e como esses esforços influenciam a percepção e o engajamento dos consumidores com a marca?
Na Tairú, acreditamos que a sustentabilidade vai além da preservação ambiental; ela deve incluir também a construção de uma sociedade mais justa e equitativa. Empregar ex-detentos e apoiar cooperativas de deficientes físicos são parte integrante da nossa missão de inclusão social, refletindo nossos valores de diversidade e responsabilidade comunitária.
Oferecer oportunidades de emprego para ex-detentos ajuda a reintegrá-los na sociedade, proporcionando estabilidade e novas perspectivas. Isso não só transforma vidas, mas também contribui para a redução da reincidência criminal. Trabalhar com cooperativas de deficientes físicos valoriza suas habilidades e contribui para sua independência econômica. Essa inclusão fortalece a comunidade e promove a diversidade nas equipes de trabalho. Integrar pessoas de diferentes origens e habilidades cria uma cultura rica em perspectivas diversas, estimulando a inovação e a criatividade dentro da empresa. Isso demonstra nosso compromisso em fazer da Tairú uma marca inclusiva e aberta a todos.
Ao incorporar práticas sociais responsáveis, a Tairú se destaca como uma marca autêntica que vive seus valores. Isso ressoa profundamente com consumidores que buscam fazer parte de um movimento que prioriza o impacto positivo sobre o lucro. Consumidores estão cada vez mais conscientes sobre suas escolhas de compra. Saber que a Tairú investe em ações sociais concretas cria um laço emocional com a marca, levando à fidelização e ao engajamento ativo dos clientes. Nossas iniciativas sociais são comunicadas de forma transparente, mostrando aos consumidores que suas compras apoiam não apenas a sustentabilidade ambiental, mas também a inclusão social. Isso gera um sentido de comunidade e pertencimento entre nossos clientes. Ao fazer parte de uma marca que promove mudanças sociais, os consumidores se tornam embaixadores de um movimento maior, ampliando o alcance e o impacto das ações da Tairú.
A importância do impacto social para nós é fundamental, pois acreditamos que cada ação conta na construção de um mundo melhor. Ao criar oportunidades e promover a inclusão, não apenas transformamos vidas, mas também inspiramos nossos consumidores a se unirem a nós nessa jornada de mudança positiva.
