28.08.2024 Ícone da categoria

As pautas raciais fora dos planejamentos de marcas

O estrategista publicitário especializado em conteúdo digital e marketing de influência Enio Xavier estreia na Casablack explorando o diálogo sobre inovação e representatividade no mercado publicitário.

As pautas raciais fora dos planejamentos de marcas

Nos últimos anos, vimos um crescimento na discussão sobre representatividade negra na publicidade, mas será que o fogo ainda está aceso?

Há quase um ano, li um artigo de Caio Fulgêncio sobre a diminuição do foco das marcas na pauta racial, apesar de um crescimento anterior. Essa percepção é compartilhada por muitos profissionais e creators negros, e não podemos permitir que essa tendência continue. As marcas precisam manter um compromisso genuíno com a diversidade, não apenas por questões éticas, mas porque isso representa 56% da população brasileira, um segmento com crescente poder de consumo. Ignorar essa realidade é, literalmente, deixar dinheiro na mesa.

Em 2018, participei da primeira edição do evento “Enegrecendo a Propaganda”, que reuniu mais de 130 profissionais negros para discutir negritude e comunicação. Naquele período, um sentimento coletivo começou a se propagar no mercado, mas entre 2019 e 2022, vimos a diversidade ser vista como “fora de moda”, devido ao ambiente sociopolítico que desestimulou a militância. A ascensão da extrema direita influenciou diretamente como a sociedade e as empresas se posicionam sobre diversidade.

“Não basta ser anti-racista; é preciso ser proativo na promoção da igualdade.”

O racismo estrutural ainda domina muitos ambientes corporativos, escondido sob o véu do “conservadorismo”. Não basta ser anti-racista; é preciso ser proativo na promoção da igualdade. Como o estrategista Mark Pollard nos lembra, a inovação vem da tensão entre o que é e o que pode ser. Esse desconforto é necessário para mudar o status quo. Portanto, esse cenário não deve nos desmotivar. Pelo contrário, ele reforça a necessidade de insistirmos nas ações de inclusão, especialmente no mercado publicitário, que molda percepções em larga escala. Continuar a pressionar por diversidade e representatividade não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma estratégia essencial para manter a relevância e a inovação no mercado.



É um momento desafiador, mas cada pequena vitória nesta pauta é um passo importante para garantir que, quando o pêndulo voltar, estaremos prontos para avançar ainda mais. E se a conversa ficou séria, lembre-se: a gente luta, mas também vive, ama e ri. Vamos juntos, sem romantizar, mas com esperança e cheios de querer.