Embora as organizações privadas e públicas estejam realizando processos seletivos mais diversos envolvendo pessoas negras, com deficiência, mulheres, pessoas LGBTQIAPN+ e pessoas 60+, não o fazem com mudanças estruturais. O que torna tudo bacana até a página 2, apenas num primeiro momento para a imagem, a reputação da marca e nada mais.
Quantas destas organizações realmente estão mudando sua cultura e suas estruturas para acolherem realmente essas pessoas em suas particularidades? A resposta é: a minoria. Muitas ainda não entenderam a profundidade da transformação necessária para respeitar a pluralidade e gerar inclusão e pertencimento.
Entretanto, há movimentos acontecendo de forma paralela às grandes empresas para que o desenvolvimento destas pessoas aconteça antes mesmo delas chegarem às empresas ou para ajudá-las a conquistar posições de liderança.
Há programas de desenvolvimento para que elas se entendam potência, valorizem suas particularidades e possam levar isso para dentro das corporações com inteligência emocional, segurança e respeito. Em especial, quero compartilhar um desses programas idealizado pelo Grupo Mulheres do Brasil e seu Comitê de Igualdade Racial voltado para o empoderamento emocional de mulheres negras: o Programa Aceleradora de Carreiras, no qual sou mentora, que está iniciando sua 14ª turma no próximo mês.
O programa é um espaço para mulheres negras se encontrarem, se autoconhecerem e trocarem ideias, construindo e refletindo com uma agenda repleta de conteúdo focada no crescimento profissional e preparação emocional para assumirem posições de liderança no mercado corporativo.
Mulheres negras necessitam ocupar espaço nas empresas mais empoderadas, cientes das suas histórias ancestrais, das suas qualidades e habilidades e, claro, com a inteligência emocional equilibrada para as vivências e desafios do dia-a-dia. Programas de desenvolvimento como este, em conjunto com os oferecidos pelas empresas, são caminhos responsáveis para que pessoas negras, principalmente mulheres, se sintam fortalecidas e preparadas para a inclusão que está sendo desenvolvida em vários setores.
Quanto mais a pessoa preta se conhece, quanto mais ela conhece sua ancestralidade, suas qualidades, mais essa pessoa está apta para desenvolver seu potencial dentro das empresas.
A jornada da inclusão de pessoas negras é desafiadora, mas precisa ser realizada de maneira consciente e compromissada por todas as pessoas envolvidas no processo, para trazer ganhos imensuráveis à sociedade e às organizações. A pluralidade é a chave para inovar, criar e construir um futuro econômico mais sólido para o Brasil.