Apaixonado por dados, tecnologia e pessoas como sou, não poderia deixar de destacar que a tecnologia é uma porta de oportunidades. Segundo o relatório do Google for Startups, só no Brasil, teremos um déficit de 530 mil postos de trabalho devido à falta de capacitação.
Mas hoje quero falar sobre os riscos que a tecnologia também nos apresenta diariamente.
Apesar de já ter assistido O Dilema das Redes, que discute o impacto das redes sociais em nossas vidas, e Coded Bias, que aborda como soluções tecnológicas afetam e decidem a vida das pessoas sem considerar, principalmente, as pessoas pretas, vejo que esses problemas estão mais próximos do que imaginamos.
Hoje, vou falar sobre a “garra do tigrinho”. Quem nunca viu um influenciador promovendo apostas como se fosse um investimento? Oferecendo a chance de “jogar cinquentinha” e ganhar milhares de reais?
Isso tem me preocupado profundamente, pois, em plena era da informação, a desinformação está dominando. Aposta não é investimento.
Como fã de rap, alguns meses atrás fiquei chocado ao ver um dos cantores que sempre esteve na minha playlist do Spotify, o Kawe, confessar no Instagram que perdeu tudo em apostas online. Um artista que havia “vencido na vida”, rompido inúmeras barreiras e alcançado ascensão social, viu seu patrimônio ruir. Aquele que parecia ter vencido, no final, perdeu. Esse relato me impactou profundamente.
Como gosto de dados, fui investigar o impacto dessas apostas na nossa economia.
Segundo uma reportagem do Brazil Journal, o Itaú estimou que os brasileiros perderam cerca de 68 bilhões de reais com apostas em um único ano.
Para cada pessoa que investe na bolsa de valores, existem sete que apostam online. De acordo com a Federação do Comércio de São Paulo, 17% da população brasileira aposta online de forma recorrente, sendo que 64% das pessoas foram influenciadas pelas redes sociais e 17% por influenciadores digitais.
E aqui, deixo uma reflexão: enquanto bilhões são perdidos em apostas que não geram retorno, principalmente pela juventude negra, como podemos reverter esse cenário? A verdadeira ascensão social e financeira não vem do risco sem cálculo, mas sim de oportunidades estruturadas. O impacto financeiro dessa perda é gigantesco, mas seu impacto racial é ainda mais profundo, perpetuando ciclos de vulnerabilidade em uma população que já enfrenta grandes desafios.
A questão é: como podemos redirecionar essa energia para capacitação, empreendedorismo e criação de riqueza real para a nossa comunidade?
